O moleque idiota (ou idiotas, já que tem as motos também), está bêbado? Não.
É pobre, pra alegar que não teve educação da família ou escola? Não.
Se ele fosse parado, 500 metros à frente, por um comando, fazer bafômetro nele ia adiantar alguma coisa? Não.
Na verdade, esse é o problema. A Lei Seca entrou em vigor com grande estardalhaço, num primeiro momento até baixou o número dos acidentes. Durou o tempo de todo mundo perceber que as chances de ser parado, são mínimas. E aí, o brasileiro, que adora quebrar uma regra, ficou mais que a vontade.
Mas não é só isso. Que ninguém me entenda mal. Sou absolutamente contra beber e dirigir, mas não é essa a realidade das estradas. Não é esse o perigo. Acidentes com bêbados estão muito mais restritos aos limites das cidades. É o cara que sai na balada e volta ruim pra casa.
Eu ando 80km por dia em auto-estrada. Não tem um santo dia que algum idiota como esse (as vezes de Porsche, as vezes de Fusca, de Gol) não passe por mim, costurando as três pistas como se fosse tirar a mãe da zona.
Não tem um dia que um (ou vários) caminhoneiros não façam manobras arriscadíssimas, trafegando por todas as pistas, parando onde não devem, forçando passagem.
São esses que provocam os acidentes. Especialmente os mais graves. A combinação é simples. Excesso de confiança, falta de educação e certeza de impunidade.
O número de mortes é absurdo. Na reportagem, se lê: 127, só em rodovias federais, só no carnaval. Mais da metade do acidente da TAM que parou o país. Se algum dia (porque até agora, só publicidade) o governo quiser REALMENTE diminuir esses números, vai ter que perceber que o buraco é beeeem mais embaixo.
Primeiro: exemplaridade, e publicidade de operações. Por exemplo. Este video está na internet. Uma PORRADA de gente já viu. Será que é tão dificil pegar esse moleque? Será que temos tantos Porsches assim rodando por São Paulo?
Segundo: a polícia devia poder ( e aí tem que mudar a lei) andar em carros sem identificação. Para que os motoristas soubessem que a qualquer momento alguém poderia levantar uma sirene e pedir explicações.
Terceiro: lei mais rígida. Bem mais rígida. Algumas pessoas não podem dirigir, são psicopatas ao volante. Tem problemas psicológicos, de afirmação e querem atenção. Uma vez pêgos nessas condições, dirigindo muuuuito acima da velocidade permitida, ou fazendo manobras arriscadas a troco de nada, deveriam sim, perder a carta instantâneamente, sem direito de tirar outra.
Quarto: caminhoneiros. Neste país, pessoas completamente despreparadas dirigem veículos que são simplesmente ARMAS. A carteira de um caminhoneiro (como é a de um médico) deveria ser especial. A punição por ser inconsequente deve ser maior, muito maior. Afinal, eles são PROFISSIONAIS que deveriam, mais do que qualquer outro, saber o que estão fazendo.
Quinto, e mais importante: olhar pra dentro do DETRAN. Devem haver milhares de motoristas que não tem a menor condição de estar nas estradas, mas compraram as carteiras, ou alguem dentro do DETRAN pra tirar os pontos de multa que já tinham. Quem não conhece alguém que comprou uma carteira? A mim foi oferecida na cara dura, a caminho da prova de habilitação.
Enquanto medidas como estas, e outras ainda mais drásticas não forem tomadas, vamos continuar comemorando porque ano passado perdemos 128 e esse ano APENAS 127.
Quem me conhece, sabe que tenho motivo pra falar.