Não tenho nem o que falar.

Coisas estranhas na natureza.
Depois de encontrarem dois tubarões praticamente pré-históricos, agora foi a vez dos pescadores acharem uma lula gigante de 10 metros e 450 kg na Antártida. Tem gente que acha super-excitante.
Eu acho meio apavorante.

Os bichos estavam lá, quietos, bem no fundão do oceano.

Se estão subindo, e sendo encontrados, o mais provável é que esteja faltando algo lá embaixo. Provavelmente comida.

Falam tanto em redução da maioridade penal.
Eu acho outra coisa. Tinham é que aumentar a maioridade eleitoral.
Acho que com menos de 30 anos ninguém devia chegar perto de urna ( e em alguns casos, nem depois).

Confesso. Ando obcecado com o caso da pobre criança arrastada num carro roubado no Rio de Janeiro. Não consigo parar de pensar. A imagem que minha mente inventou do menino me assombra. O rosto dos pais, o olhar vazio, perdido, de quem perdeu tudo, em quinze minutos. A fotos dos animais que dirigiam o carro. Olho pra eles e juro, não consigo vislumbrar um traço de humanidade, pra mim eles não se parecem com pessoas. São bem mais próximos de um cachorro, um verme ou coisa pior.

A ladainha se desfia como em todas as outras vezes. As autoridades parecem que se mechem, talvez porque pensem: "Já que eu não sei o que fazer, melhor parecer preocupado". Começa o festival de homenagens. Vamos dar àquela praça o nome do menino. Àquele estádio, àquela rua. Nem param pra pensar que poderiam nomear PLANETA JOÃO HÉLIO, e não faria diferença alguma.

As questões são as mesmas que paralisaram São Paulo em maio, as favelas do Rio, a missionária americana. É geral.
Na minha opinião o que mais atrapalha são as coisas que temos tanta certeza, que viraram dogmas nesse país. Coisas que de tanto serem repetidas na nossa orelha, a gente acabou achando que eram verdade.

O primeiro exemplo foi despejado da boca da ministra Ellen Grace. Não devemos decidir as coisas no calor do momento, na emotividade. Vamos decidir quando, ministra? Quando o Brasil viver 6 meses de calmaria, quando estivermos todos zen, tranquilos? Quando as pessoas passarem a morrer somente de tiros na cabeça, porque assim é um modo civilizado de morrer? Arrastar uma criança por um carro é um descalabro, mas outras tantas são mortas por dia por assaltantes, maníacos, por pais violentos por PMs e todos tem algo em comum: TODOS ESTÃO SUJEITOS A MESMA LEI.

Outra balela que é difundida é que temos que ter pena desses bandidos porque eles nasceram sem oportunidade, e portanto são fruto da sociedade. Ou em outras palavras. Você que está lendo este texto porque estudou, ou que tem um computador porque trabalha, VOCÊ É O CULPADO PELA MORTE DO MENINO. Os bandidos são um dejeto da sua indiferença. Por mais romântico que isso possa parecer, não é verdade.

Toda vez que há um menor envolvido nessas questões, ouço a mesma vitrola velha: reduzir maioridade penal. Mudar as leis. E aí tem sempre alguém que fala nas rádios e TVs (aliás, ouvi hj da boca de um deputado, na CBN): " Cada menor custa ao Estado R$ 4.000,00). Será que ninguém se tocou que é EXATAMENTE POR ISSO que nada vai mudar? Se cada menor custa 4 mil reais, é sinal que o dinheiro está indo pro bolso de alguém, porque senão esses caras já estavam todos estudando em regime de semi-internato no Bandeirantes. Se eles despejam 4 conto na mão de alguém pra cuidar desses menores, me avise, porque eu vou montar um centro de reabilitação, e garanto que ponho 70% deles na USP depois de formados e eu ainda vou ficar rico.

A imprensa tem boa parte de culpa. Nossa imprensa, quando não está comprometida (quem não sabe que as redações sempre foram abarrotadas de gente do partidão) é muito pouco propositiva, e adora a manchete do dia. Hoje é João Hélio, amanhã um menino morre enforcado na praça da Sé, e é tratado como notícia nova. Outro caso. E os celulares nas prisões, alguém foi conferir o que foi feito? Quantos e quais criminosos estão nas cadeias de máxima segurança, alguém te informou?

Outra sandice é a idéia, espalhada que o povo brasileiro é um povo bonzinho, puro e forte, que já nasceu provido de uma sabedoria nata digna de personagem de Guimarães Rosa. O que somos, e é bem menos poético, é um povo mal educado, ignorante da maioria dos seus direitos, com uma grande propenção à desobediência civil de ato que julgamos desimportantes, mas na verdade, são o verdadeiro cerne de toda essa questão. Todo mundo sonega o que for possível, todo mundo aprecia levar um vantagem qualquer. Mas muito poucos se levantam e se organizam pra exigir seus próprios direitos. A não ser, é claro, do direito de se entupir de futebol e novela 8 dias por semana.

A classe artística do Brasil só serve pra tirar foto fazendo mímica de pomba com a mão. Mão na massa mesmo, ninguém. E o que eles tem com isso? Muito. Em muitos casos, um cantor é quem consegue ser ouvido pelas camadas mais pobres da situação. Não estou falando de fazer música de protesto. Estou falando, como é muito comum nos Estados Unidos, em se engajar. Não é fazer showmício. É declarar voto, dizer porque acredita naquela pessoa, e ajudar a cobrar. Porque eles são catalisadores do povo, são vozes que são mais facilmente ouvidas. Na verdade, os artistas mais estabelecidos do país ficam como moscas atrás de uma verbinha tirada da lei do Audiovisual para patrocinar shows e gravar DVDs que boa parte do povo brasileiro nunca vai assistir.

Muito antes de se decidir se vamos ou não vamos mudar leis que nunca são cumpridas. Temos que EVITAR que esses crimes aconteçam, Depois é sempre muito tarde. Temos que ver porque tantas ações que são unanimidades entre especialistas, comi a unificação das policias ficam paradas por tanto tempo sem resolução.

Temos que exercer nossa cota de ceticismo e perguntar A QUEM INTERESSA toda essa situação. Um povo burro, desesperado e que acredita em qualquer fórmula mágica que alguém vomitar na cara deles?

Eu começaria a procurar no congresso e dentro das igrejas.

Há algum tempo este lugar está parado, e eu tentando voltar a escrever. Na verdade, estou no meio de um bloqueio mesmo. Todos os dias eu faço um esforço que geralmente termina em duas ou três linhas absolutamente sem-graça, que eu prontamente deleto, sem nenhuma dor na consciência.
Escrever sempre foi uma atividade relativamente fácil pra mim. Mas uma coisa que aprendi é que escrever, ler, são hábitos, e quanto mais se faz, mais fácil fica, e o inverso também se aplica. Venho dedicado cada vez menos tempo para ambos, e já estou sentindo os efeitos.
Por isso resolvi fazer este post meio confessional, tão raro neste blog. Principalmente para reacender a vontade de escrever. Vou mudar umas coisinhas aqui, dar uma arrumada nas gavetas.
Pretendo começar a fazer algumas coisas que venho ensaiando mas que nunca saem do papel (papel?), por exemplo, comentar filmes e programas de TV que assisto.
A verdade é que o ano passado foi meio catártico. Passei por um processo de insatisfação profissional monstruosa, que por pouco não me leva a desistir da profissão que escolhi, e que amo. Me sentia preso à empresa em que estava, e misturado em suas condutas. Ao mesmo tempo, eu via no mercado de design uma mesmice, um continuísmo, uma repetição de velhos valores que eu não queria fazer parte. O processo de desligamento dessa empresa começou com um processo interior meu, e olhando em retrospectiva, foi um dos momentos da minha vida em que mais aprendi a respeito de mim mesmo.
Ano passado li um texto de uma palestra do Steve Jobs, em que ele dizia muitas coisas. Uma delas é: você só pode ligar os pontos da sua vida, olhando pra trás. Quando vc tenta fazer conexões tentando adivinhar o futuro, o resultado sempre será incerto, senão discutível. Por isso, ele recomenda que as pessoas façam coisas com o coração, mesmo que num primeiro momento elas pareçam não fazer sentido. Porque depois, na hora de ligar os pontos, farão.
Passei por alguns momentos assim este ano. Iniciativas que tomei (até algumas no desespero mesmo) que me geraram resultados completamente diferentes dos que eu esperava e muitos deles positivos. Este ano, estou tentando, num nível bem mais consciente, continuar e aprimorar esse processo.
E recomendo: sentiu vontade de fazer algo, desde que isso não prejudique ninguém, faça. Vocé nunca sabe aonde isso pode te levar.
Esse é mais um motivo pelo qual estou aqui, escrevendo, sem nem mesmo saber quem vai ler (esse blog deve ter pelas minha contas, um leitor, e no caso, sou eu). Normalmente sou muito reservado, e alguns dirão até fechado sobre minha vida. Falo muito, converso muito, escrevo de coisas diversas, mas muito pouco delas sobre o que se passa na minha mente.