Capítulo 1 - Find the River - R.E.M

Não sei se todo mundo tem uma relação com música igual a minha. Mas certas memórias minhas só voltam à mente acompanhadas de uma trilha. É natural, e é inevitável. Ao ouvir essas canções, eu quase consigo sentir o cheiro da época.
E não é algo que possa ser emulado. Não dá pra dizer: vou ouvir pra caramba isso aqui, assim vai marcar essa época. Simplesmente acontece. E só depois de muito tempo vc vai perceber o que aquela música representa.
Essa série de posts que eu inicio agora talvez seja a mais pessoal que eu já escrevi. Vou fazer um esforço para ouvir, e registrar o que lembro quando ouço determinadas músicas. Para mim, vai ser uma viagem. Espero que não seja chato pra quem lê.



1992 - Find The River
12ª faixa do álbum Automatic for the People
R.E.M.

Em se tratando de nostalgia, nenhuma banda me toca mais que o R.E.M.
O disco imediatamente anterior a esse tinha estourado de tanto tocar (não há quem não se lembre de Losing My Religion). Acho que eles emplacaram todas as faixas de Out of Time, que tinha melodias que grudavam instantaneamente, como Shiny Happy People e Radio Song. Quem, como eu, já conhecia a banda, sabia que ela podia ser bem mais pesada.
Quando Automatic saiu, foi um certo choque. Era o contrário do que eu esperava. Um disco inteiro melódico, com arranjos perfeitos, um tom levemente deprê. Na minha opinião, um dos melhores CDs que eu já ouvi.
Mas não foi em 1992 que este CD fez parte da minha vida. Na época ainda era possível assistir MTV, e era o que eu fazia. Constantemente. Na verdade, não via outra emissora. Ainda haviam VJs interessantes, era a época do Thunder, da Cuca (aliás, que Cuca!), Rodrigo, Gastão, enfim, um pessoal não era só metido a engraçadinho. Além disso, (olha só) tinha música na MTV, não um amontoado de reality show e programinha pra pivetada arrumar namoro.
Duas músicas desse CD caíram no gosto popular, de cara: Everybody Hurts e Nightswimming. Tinha motivo, as músicas eram sensacionais. Mas as melhores estavam escondidas.
Em 1993 eu entrei na faculdade.
Formei uma renca de amigos e amigas, que eram infinitamente mais interessantes que as aulas.
Curiosamente, não foi a putaria que marcou meu período de faculdade. Eu já namorava a Gabriela, que é a Sra. Rodrigo Teixeira hoje em dia. Foram as amizades mesmo. Foi a descoberta que existiam outros malucos iguais a mim. Um monte de sujeito esquisito, magrelo e narigudo que gostava de cachaça, música e cinema tanto (ou mais) que eu.
Em meados de 93, 94, a turma estava muito unida. Eramos uns 10, 12 no máximo, mas sempre tinha o que fazer. Começamos a marcar viagens em feriados.

Foram umas 4, 5 viagens.

Find the River me lembra essas viagens.
Me lembra voltar dos botecos das cidades no meio da madrugada.
Cair na piscina de roupa, correr no meio do canavial na escuridão total, ficar falando merda na varanda até quase amanhecer. Beber até não parar de pé. Não poder dizer uma frase sequer sem que alguém levasse pro duplo sentido. RIR ATÉ DOER.
O tipo de amizade que nunca mais vou ter. Amigos que estavam ali pra qualquer parada. A falta de responsabilidade, não precisar pensar no amanhã, foda-se se a gente ia pro trabalho com uma ressaca monstruosa.
Hoje, com todos cuidando das vidas, filhos, empregos, esposas, contas, é impossível até mesmo tentar repetir esses dias. Mudou quase tudo. Não há pisada na bola impune. Alguns deixaram de ser amigos. Outros, e justamente àqueles que a gente menos esperava, reaparecem sem aviso.
Alguns nunca foram embora, e hoje são irmãos, do coração. E é bom ter a trilha sonora à mão para ouvir, lembrar dos bons tempos, e rir de tudo novamente, ainda que (como algumas bebidas que a gente consumia tanto na época) a doçura do riso termine com um gostinho um pouco amargo da nostalgia.


Outras trilhas que me lembram do mesmo (mas não com tanta força):
I alone - Live
Blister on the Sun - Violent Femmes
Have you ever seen the rain - Creedence Clearwater Revival

Vejam isso.
Não tenho palavras.


Encontrei no Lazer

Todo cuidado é pouco nos próximos dias.
Alta probabilidade de chover sangue, a lua nascer vermelha, revoada de gafanhotos, essas coisas.
Eu AVISEI. O fim está próximo.

Veja por si só.

Esse cara.
Não é eu.
Ou não sou mim.
Ou sei lá.
Ele é designer, chama Rodrigo Teixeira, mas não é esse que vos escreve.

Voltei de férias.
Minha cabeça ainda está no ponto morto, sem a mínima condição de escrever nada que preste.
Por isso começo o ano com comentários sobre atualidades pululantes (como se alguém desse a mínima...).

Maysa - Não curti. Como tudo do Monjardim, muito bem fotografada, produção caprichada. Mas a câmera não mexe. Plano americano em TUDO. O povo fala como se estivesse com um teleprompt enfiado no rabo. E outra coisa que não aguento são os comentários na mídia: "A história de uma guerreira...", "a força de uma personagem...", "uma mulher forte...".
Porra, pensa bem. A mulher casou com um sujeito 240 anos mais velho que ela. O cara devia ter sérios problemas, porque, numa cena tá dando uma bonequinha pra menina, na outra tá no altar. Ela entornava tooodas. Tudo bem, cada um com seus "pobrema", mas alcoolismo nunca fez de ninguém exemplo de vida. Depois, abdica da vida com o filho pra poder continuar cantando. A história pode até ser interessante, mas o que essa mulher nunca foi é forte.

Cesare Battisti - Petista acha que ainda está em 68. Fica ajudando os "cumpanhêro" o resto da vida. O cara é um ASSASSINO. Enquanto isso, alguém sabe se os coitados dos Cubanos que ele mandou de volta pro Fidel estão bem?

Dilma Roussef toda esticada - Parecia uma Sapata Raivosa antes. Agora parece uma Sapata Feliz. Se ela quer ganhar meu voto ficando bonita, é melhor dar um jeito de transferir o cérebro pro corpo da Ana Hickman. E fazer campanha pelada. Menos que isso não me abala.

BBB 9 - Quando chamarem a véia e o véio para um pornô geriátrico, é a trombeta do fim do mundo tocando. Fiquem atentos.