Como qualquer um dos milhões de brasileiros, sou gato escaldado, e desde a prisão dos envolvidos nesse mais novo escândalo (que de novo, não tem nada), mantive minha fé inabalada de que nada ia acontecer mesmo. Era como um filme já visto, e ruim, ainda por cima, o que significava que não valeria nem a pena assistir até o fim. Já sabia que seriam soltos, já sabia que as outras excelências de Brasilia iam condenar o tratamento tão desumano destinado a esses senhores.
O Ministro do Supremo ficou indignado com a maneira que foi conduzida a operação. Horas depois de serem transmitidas pela TV, ele já tinha opinião formada. Estranho... não me lembro dele ter se manifestado a respeito do modo que os policiais trataram o menino João Roberto.
Bom, talvez porque isso não o diga respeito, afinal, os filhos do juiz deve andar em carros blindados, não têm esse problema. Já o modo que CORRUPTOS são tratados o incomodam. Talvez porque ele possa ser o próximo.
Ocorre que uma coisa me incomodou nesse caso mais que em todos os outros, desde o começo. É apenas um detalhe. A princípio, nem me atingia. Mas hoje, quando vi a noticia dos delegados da Operação Satiagraha misteriosamente se afastando, um a um, cada qual com uma explicação mais estapafúrdia, a coisa me atingiu. Eis o gesto:
Daniel Dantas ri. Eu leio às notícias, ouço a comentários, mas em minha mente, Daniel Dantas está rindo. Habeas Corpus, delegados, aberturas de Jornais Nacionais e Daniel Dantas ri.
Daniel Dantas está rindo de Protógenes Queiroz.
É um sorriso mal acabado, de vilão de história em quadrinho, que coloca os pingos nos is, devolve o delegado a sua reles insignicância, como se gritasse pra quem quizer ouvir:
"Quem você pensa que é? Esta merda de país é MEU!! O Juiz, o Ministro, o maldito Presidente da Republica! Todos eles comem na minha mão! Os tempos de Pasárgada acabaram. Eu não sou amigo do Rei, eu sou DONO do Rei. Eu paguei meu caminho até aqui, e vou continuar pagando até sair!"
Daniel Dantas ri de você, de mim. De todos esses patetas que acreditam que o Brasil não é dele.
Não vou julgar Protógenes Queiroz. Vai saber que tipo de ameaça esse homem sofreu. Não sei se ele tem família, ou uma carreira para tentar continuar mantendo. Não vou julgá-lo porque cada vez fica mais claro que não vale a pena sacrificar um fio de cabelo por esse amontoado de sujeira que alguns insistem em chamar de pátria.
3 comments:
Concordo com você em gênero, múmero e grau.
Mandou bem!!!
Parrabéns Seu Teixeira! Muito bom!
Se quem deve julgar não julga como deveria, quem somos nós para fazê-lo?
Esse país deveria ter um E.T.A. voltado à limpeza pública, se é que me entendem.
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