A discussão sobre o voto nulo levantada pelo Idelber do Biscoito Fino e a Massa e continuada pelo Guto, no NCC, me deu gás para escrever sobre um assunto que eu tenho evitado: política. O motivo de não ter tocado no assunto ainda é a confusão em que me encontro. Nos últimos dois ou três anos o cenário político, que já era difícil, tornou-se indecifrável, e eu estou tendo que aprender a lidar com frustrações maiores do que eu previa.
Sempre votei em Lula. Tinha grande simpatia por vários nomes do PT. Genoino, Mercadante, Tarso Genro, Suplicy e até a Marta (apesar do nariz empinado e dos tailleurs cor-de-rosa).
Nas últimas eleições, minha opinião estava formada: Lula não deveria ser candidato, e o melhor a fazer era ceder o lugar a alguém mais jovem e com menos rejeição. Afinal, já seria a terceira vez que ele estava tentando. Depois me deu a impressão que Lula não queria exatamente ganhar, mas capitaneando 30 milhões de votos, continuaria deixando o partido unido, mantendo uma liderança natural, mesmo não eleito.
Quando a campanha começou pra valer, e todos viram que desta vez ele não estava brincando, me empolguei. Achei o Lula-light acertado, que Duda Mendonça era um gênio, que desta vez ia dar certo. E deu. No dia da posse, com aquele trio-elétrico em torno do Rolls presidencial, me lembro de ter pensado: “Dessa vez, se ele decepcionar esse povo, nem sei no que esse país pode dar”.
O primeiro ano passou, e no fim dele, eu estava até mais confiante. Gostava da política exterior, gostava das pequenas peitadas no Bush, gostava da área agrária, de alguns Ministros. O Palocci tinha, ao fim de 2003, conseguido contrariar todas as previsões que os anti-PT me faziam, que teríamos dólar a R$6,00, inflação de volta e fuga de empresários. Claro, não tínhamos crescimento, mas a julgar pelo modo que FH tinha entregado as coisas, até não era mal.
Os projetos sociais não funcionavam, mas eu achava que era questão de tempo. Os juros não caíam, mas eu achava que era questão de tempo. O Presidente se enrolava e falava besteira a cada novo discurso, mas eu achava que era questão de tempo, até ele se acostumar a ser Presidente.
Corta pra 2005. Estamos exatamente na mesma. Mendigando inflação controlada a remédios pra lá de tarja preta. A política externa não gerou nenhum fato que fosse digno de nota, a não ser a transformação de Lula em popstar de Davos. Os projetos sociais continuam não funcionando.
E o país está em pandemônios.
A grande frustação deste mandato é o continuísmo maçante das coisas. Eu nunca contei com milagres. Só esperava ações inteligentes, ações diferentes. Políticas corajosas. Tudo o que não vi.
Esperava um governo mais coeso e transparente que os últimos.
O que temos hoje é um governo incapaz de programar um churrasco sem se complicar.Completamente desarticulado. Juros que não descem nunca. Factóides estranhos e totalmente desnecessários (ancine, vagas em universidades, desobrigatoriedade do idioma inglês, controle da imprensa) viraram coisas constantes.
No topo de tudo isso, um Presidente que tem sido cada vez mais uma propaganda de si próprio. A cara do Lula hoje, está pra mim como as camisetas do Collor.
Lula é incapaz de um ato corajoso. O Lula light foi longe demais. Mesmo quando sobe em um palanque e fala uma merda, não consegue nem sustentar o que disse, nem negar com veemência.
Estamos sendo vítimas de um governo que não aprendeu a ser governo e uma oposição que não aprendeu a ser oposição.
E aí, pra completar a salada mal-feita (e justamente por culpa dela), temos esse Severino no comando do Congresso. A única boa ação deste verme (se não ofender os vermes) foi mostrar a todos de quantos Severinos é composto um Congresso. E o governo perdido, olhando a tudo sem saber como aconteceu.
As gotas d´água no meu balde foram essa reforma ministerial que não deu em nada e principalmente nosso amigo Severino dando um ultimato no Lula, e ainda assim, ser recebido logo após em seu gabinete. Aí já é demais.
Se fosse em Garanhus, ia ter porrada no meio da rua.

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