Na sexta feira, dia 19 de junho, por volta da meia noite, eu estava terminando de ler "A Estrada" de Cormack McCarthy, ganhador do Pulitzer de 2007. Aos prantos. Sério.
Bom, geralmente não faço isso mas esse como o comentário do Vinicius está bem fundamentado, vou abrir exceção aqui, pois ficou muito grande pra área de comments Vou parte a parte, Vinicius, interrompendo-o enquanto comento. A arte da dialética é uma coisa interessante. Você acaba de usar a lógica, a razão, para convencer as pessoas.
E minha opinião vai ser completamente diferente da maioria... fazer o que?
Eu acho que não precisa mesmo de diploma. Não precisa. Grandes jornalistas que estão por aí não tem diploma.
E quer saber mais. Também não precisa de diploma para ser designer. E antes que alguém pergunte, sim, sou formado em Design Gráfico pela FAAP, há mais de 12 anos.
Encarem os fatos, Andy Warhol não era designer, mas se ele quisesse fazer uma embalagem pro seu produto, vc recusaria? O que interessa, tanto em Jornalismo quanto em Design Gráfico, é o talento. E ponto.
Mas de modo algum acho que isso desmerece o peso da faculdade... se eu fosse contratar um designer hoje, o diploma teria sim, um peso enorme. Com certeza, o mercado dá valor a quem é formado. O cara que não é formado tem que se provar o triplo. Só que profissionalismo não se aprende em faculdade, não se enganem.
Me desculpem, mas o que falta em nossa área é profissionalismo, não diploma. É saber se portar, saber cobrar, saber dar e cumprir prazo, saber se expressar na frente de um cliente, saber se portar numa reunião. Isso diferencia o profissional MUITO MAIS que um canudo, ou mesmo regulamentação.
E uma coisa que designer tem que aprender, na minha opinião, é PARAR de se comparar a médico, advogado, engenheiro e dentista.
ACORDEM, se cair uma bomba amanhã e a humanidade tiver que se recompor, vamos viver sim, muito tempo sem designer, sem jornalista, sem decorador, mas DE MODO ALGUM, sem médico, dentista, engenheiro, cientista.
A faculdade dessas profissões é NECESSÁRIA porque ninguem aprende a fazer uma safena via tutorial na interner. Um médico passa 10 anos estudando e fazendo residência antes de montar um consultório. Designer faz freela no primeiro ano de facu. Se uma ponte cai, tem lá a assinatura do engenheiro que a projetou. Ninguém liga pro designer as 3 da manhã falando que tá com dor no logotipo. Liga pro dentista.
Essas profissões ganham mais porque tem que ganhar. Porque são essenciais.
Façam um exercício de humildade, saber disso não torna nossa profissão menos necessária no mundo de hoje.
Conforme prometido no último post, passo a publicar o que escrevi para o finado paudabarraca.com.br. Esse foi escrito por volta de 2001. Então não venham me dizer que parece com o Cilada, porque nessa época o Bruno Mazzeo ainda estava no playground, certo? Uma das coisas imprescindíveis na vida é aprender a se comportar numa mesa. Assim, você poderá esquecer tudo que aprendeu, para saber como se portar numa Churrascaria. 1 - Escolhendo uma Churrascaria 2- Entrando na Churrascaria. 3- Finalmente, as carnes
À princípio, parece até fácil. Basta sentar o rabo na cadeira e se empanturrar até não agüentar mais, e ir embora rolando para casa. Engana-se quem pensa assim. Comer em uma Churrascaria requer um nível até avançado de conhecimentos, para que não se coma gato por boi.
Felizmente, o paudabarraca está aqui para ajudá-lo a tirar todas aquelas dúvidas que você nunca teve cara-de-pau de perguntar a ninguém.
Preste bem atenção. Em matéria de Churrascaria, não se deixe guiar pelo nome. Um nome pomposo, com sotaque francês pode ser uma bosta, enquanto "Porcão" é uma maravilha. Existem outros modos de se ter uma pista da qualidade da Churrascaria antes de entrar. O principal deles é o mais óbvio: o preço.
Simples e básico: uma Churrascaria de R$ 35,00 por pessoa é excelente. Uma de R$ 8,90, geralmente, não. Por isso, se seu bolso anda igual ao meu, é melhor ficar na faixa de R$ 12,00 ou R$ 13,00.
Outra forma fácil de identificar quem entende da arte do churrasco é dar uma olhada nos garçons. Todos vão estar devidamente fantasiados de gaúcho. A diferença é que, nas piores, aquele japonês e aquele cearense não enganam ninguém.
Seja duro. Seco. Tudo ali é uma arapuca, pronta para você gastar o máximo, e comer o mínimo.
Se for um final de semana, é muito provável que apareça do nada um garçom com uma infinidade de licorezinhos ditos "para abrir o apetite". Um desavisado poderá achar que aquilo está incluso no preço do rodízio: ledo engano. Tome duas daquelas malditas canequinhas (são sempre bregas:azuis, rosas, com o nome do estabelecimento gravado na frente) e você já terá dobrado o preço do seu churrasco.
Conheço pobres inocentes que chegaram a tomar três ou quatro, e ainda pediram para encher só até a metade, enquanto o garçom vestido de gaúcho ria de uma orelha a outra.
É chegada a hora de conhecer a mesa de frios. Bom, mesa é modo de expressão, porque o a coisa mais parece um chafariz de comida. Ali, tem de tudo. As mulheres adoram.
Pesquise bem o que pegar. Não se empolgue, senão em dois minutos você estará comendo lazanha, e esse não é o seu objetivo nesta noite.
Ao sentar, tenha certeza. Mesmo que você estenda um outdoor vermelho, para a carne não passar ainda, o maldito gaúcho da lingüiça vai querer empurrá-la (no bom sentido) em você. Recuse. Lingüiça, você come em qualquer churrasco do seu sogro.
Diretiva número 1: não tente conversar.
Você está com a boca cheia, com fiapo de carne no dente, e os gaúchos não vão deixar. É um tal de "chuleta?", "picanha, senhor?", "maminha?". Esqueça. Concentre-se nas carnes. Aceite somente aquilo que você realmente gosta. Não tenha pressa, a churrascaria é grande, tem espaço para todo mundo. Se você for do tipo extrovertido, faça um alongamento de quinze em quinze minutos. Os gerentes não gostam, mas diabos, você tem seus direitos.
Quando voltar a passar só lingüiça, é porque você já está a muito tempo comendo. Está na hora de fazer pedidos.
Chame o gaúcho. Explique o que você quer. Fale da carne como quem fala da Luma de Oliveira. Seduza o cara. Ponha uma nota no bolso dele. Você vai ver. O sujeito vai sair lá do fundo, com aquela picanha sangrando, atravessar o salão inteiro ignorando o povo, e vai direto para sua mesa, oferecer o primeiro pedaço.
É imperativo saber a hora de parar. Preste atenção nos pequenos detalhes. Quando a mesa começar a se afastar sozinha, é um sinal. Veja se não é sua barriga que a está empurrando. Se for apenas um poltergeist, ou um terremoto, continue comendo.
4- Indo embora.
Considerando a orgia alimentar que você acabou de participar, é bom não facilitar as coisas. A tentação de cair no sono ali mesmo será quase irresistível.
Faça alguma coisa à respeito, discretamente. Na saída, finja tropeçar e caia no aquário,ou coisa parecida. Ninguém vai reparar, todos vão estar ocupados, entupindo-se de carne.
Há váááários anos, qdo eu era um dos escritores do saudoso (nem tanto) paudabarraca.com.br, eu montava Guias de Sobrevivências para os tempos modernos. Vou republicá-los aqui, e escrever alguns novos, porque o mundo está cada vez mais complicado, e você, leitor, pode precisar de nossa valorosa ajuda para deslizar calmamente por algumas águas da vida.