Estou cada vez mais pobre de novidades musicais. As coisas diferentes que eu descubro são de no mínimo 20 anos atrás. Tô ouvindo jazz antigo. Rock antigo. MPB antigo.


Numa conversa com Léo (do nunca atualizado Xuruetismo), sobre o Last.fm, estávamos falando sobre a saudade que sentimos do rádio. Papo de tiozinho, mesmo.

Nas épocas pré-mp3, na época em que a principal função do rádio de um carro era enrolar a fita k7 que vc tinha perdido horas montando, na época em que as pessoas entravam nas baladas segurando um trambolho do tamanho de uma caixa de ovo pra não roubarem do carro, aquela época onde a gente comprava CD para ouvir em casa, nessa época, o rádio era fundamental. Era seu companheiro de trânsito (sim, já havia trânsito em Sampa nessa época).

Hoje eu ouço rádio de notícia, e só. Meus CDs com mp3 de poupam da tortura que é colocar na 89 pra ouvir rock, e acabar com um (atenção para gíria de velho) poperô na orelha.
O rádio era a fonte que a gente tinha para ouvir os sucessos, mas também para descobrir coisas diferentes. As emissoras tinham personalidade. Cada uma mais ou menos especializada num filão, bem claro. Os DJs (bom, pelo menos alguns) entendiam de música. A gente acreditava na palavra de certos caras. Tinha programas inteiros só com banda nova.

Sim, vão dizer que tá tudo aí ainda, se eu quiser me aprofundar, vou achar tudo na internet, com mais detalhes que antes. A nostalgia pode ser sem sentido mesmo, mas o fato é que eu perdi o hábito!

E foi essa sensação que eu resgatei escutando a last.fm (no pouco tempo que tive antes de descobrir que é pago!). Em 20 minutos eu tinha escutado 5 bandas que nunca tinha ouvido falar, todas boas. E todas com a minha cara.

Isso é uma boa nova na rede. O aparecimento dessas rádios combate a pirataria de maneira muito mais eficaz do que as recentes iniciativas reaças da primeira-dama da França. Devolve o sentimento que havia em torno das estações. Democratiza.

Mas bem que podia ser gratuito.

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