Ando meio espantado com a vocação que o brasileiro tem para ser chulé. Toda a grita em torno do caso dos cartões corporativo me espanta, não pela corrupção em si, que já é quase condição sine qua nom pra ser político nesse país. Mas é a natureza de alguns gastos que salta aos olhos.
Siga meu raciocínio, alguém como a Sra. Matilde Ribeiro, deve ter trabalhado a vida inteira (seja lá onde) deve ter feito esforço pra conhecer as pessoas certas, se enfiar em convenção de partido, vestir camiseta vermelha, button de estrelinha, comício, piquete e depois de tudo, é alçada ao posto de Ministra da República. E aí, resolve dar uma de deslumbrada em churrascaria? Usar o cargo pra poder pagar de gatinha num carango de luxo?
Isso é que eu chamo de "chulesismo". São atitudes que revelam a quão curto pode ser o horizonte dessas pessoas. Não estou querendo enaltecer os grandes corruptos, longe de mim, mas tem político que rouba licitação de viaduto, de milhões de dólares. Mas sujar uma carreira por causa de tapioca? Dar um jeitinho de levar a parentada pra Buenos Aires a custa do contribuinte? Chulesismo.
E na verdade, são essas porcarias que, somadas, viram 100 milhões de reais. E são também elas que propagam o vírus da corrupção dentro de cada fresta da administração pública. É a nota do taxi com dez reais a mais pra comer um lanche. É o hábito de chegar na sexta feira no hotel pro compromisso que é só na segunda, pra aproveitar a praia. É o "deixa, deixa que eu tô com o cartão, o governo paga, ninguém nem percebe". Chulé.
Enquanto a matilha se refastela com carne lá no topo da montanha, a manada dos chulesistas acha que se diverte aqui embaixo com as esmolas largadas nas frestas do poder. E nem param pra pensar que, como gado que são, serão os primeiros a serem atirados às piranhas, quando um dos lobos quiser tirar uma foto onde tenha cara de honesto.
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