Sarney não conhecia Rodrigo (o Cruz, não eu). Não é dono do Maranhão. Não indicou parentes. Não sabia o que era ato secreto. A empreiteira não lhe comprou um apartamento. Não tem influência na fundação que leva seu nome. Pallocci não quebrou o sigilo do caseiro. Não esteve naquela casa. O funcionários da receita saíram normalmente, sem fato relevante. É normal o sistema de segurança do Planalto não lembrar de nada. Mercadante ficou porque Lula lhe escreveu uma carta linda, tocante. Não houve acordão. Dilma não viu Lina. Nunca tinha prestado atenção em seu próprio curriculo. O dono do castelo não fez nada de errado. Paulo Duque analisou em profundidade, caso a caso, e inocentou Sarney porque não havia evidências.

Esse é o Brasil de hoje.

E você, que dá ao Lula seus mais de 70% de aprovação, acredita em tudo acima? Mesmo?

Parabéns.

Publicado originalmente em 2001, no site www.paudabarraca.com.br

Hoje eu venho aqui para falar de um assunto que aflige a todos. Apesar da aparente futilidade à primeira vista, todos sofrem com este problema. Aquele que nunca sentiu os cabelos do braço se arrepiarem ao olhar para uma barata, que taxe de fútil este texto. E dizendo isso, acabei por adiantar qual é na verdade o nosso assunto: a Barata.

Barata deveria se escrever assim, com letra maiúscula. Ela já adquiriu esse status. A meu ver, ela não poderia nem mesmo ser incluída na classe dos insetos. Primeiro que os insetos andaram reclamando. Depois, como juntar, na mesma classe, uma singela borboleta, e uma repugnante cascuda? A barata é única. Suas particularidades mostram isso. É uma antítese viva. Veja os fatos. Ela morre com inseticida, mas não com uma bomba atômica. Existem caras muito machos, que se embrenham na selva , abrem trincheiras, socam jacarés, e o diabo; e muitos deles farão uma cara de nojo para pisar em uma barata.

Aliás, as mulheres que me perdoem, mas quem sofre mais com esse "inseto"(?) são os homens. Eles têm a obrigação de não ter nojo. Quando, passeando por uma rua qualquer, um casal encontra a danada , e a mulher faz o já habitual escândalo: - Ai,ai,ai uma barata!!!!!!!Socorro!!!!

Nesse momento, baixa um Exu, ou qualquer coisa parecida e o homem põe-se a correr atrás do bicho até pisá-lo e ouvir, disfarçando o nojo, o característico "CREC!!", quando esmaga a coisa. Mas tenho certeza que a grande maioria preferiria reagir do mesmo modo que a Penélope Charmosa.  

A barata é um bicho apolítico. Ela também não tem preconceitos.Vai aparecer em qualquer casa, seja ela limpa ou suja, rica ou pobre do PT ou do PMDB. Tanto faz.

Um dia desses, enquanto eu fazia meu tradicional passeio noturno pelos canais de televisão me bateu uma vontade - também tradicional - de tomar um café. Logicamente, fui até a cozinha. Note que quando se anda o dia inteiro pra lá e pra cá, a coisa que mais se aprecia ao se chegar em casa é arrancar os sapatos e andar descalço, sentindo o carpete macio sob seus pés. Baratas não respeitam esse tipo de prazer. Foi só eu entrar na cozinha para divisar do outro lado do cômodo próxima à geladeira, o monstro. Olhamos um para o outro - na verdade eu nem sei se aquele bicho tem ou não olhos, mas estou certo de que ela me olhou - ficamos assim durante uma hora, ou um minuto - o tempo passa de maneira diferente quando você olha para uma barata, isso é física pura - e eu pensava como seria bom estar com uma bota sete léguas cano longo naquele momento. Por fim, ela correu pra baixo da geladeira, e eu fiquei sem meu café.

Adqurimos então uma relação de respeito e ódio mútuos - eu insistia em buscar café descalço, e ela insistia em ficar esperando que eu fosse buscar café para aparecer - até que um dia, cansado daquela situação ridícula , resolvi calçar sapatos para entrar na cozinha. Em duas ou três incursões clandestinas, matei-a. E descobri um segredo estarrecedor. Não era apenas uma barata, e sim duas. Por isso ela se movia tão rápido.

Eu tinha então, um novo - e maior que o anterior - problema. Dessa vez quis resolvê-lo o mais rápido possível.Voltei ao campo de guerra no dia seguinte.Achei-a no batente da porta. Realmente era bom cuidar daquilo logo, antes que minha arquiinimiga resolvesse explorar lugares novos, como meu quarto, por exemplo. Me preparei, repirando fundo fundo e buscando apoio nos espíritos ao redor, fossem eles quais fossem. Me virei e desferi um golpe marcial que deve ter feito Bruce Lee revirar-se no túmulo. E foi então que nojenta também me atacou com sua arma derradeira. A barata não é apenas repugnante, mas também deve ter sorte, pois quando a atingi, sentindo o horrível amassar sobre minhas botas ela conseguiu espirrar aquela meleca - não preciso explicar, vocês sabem - exatamente em minha mão direita ( graças à Deus, sou canhoto) . Meu desespero não podia ser maior. Corri até a pia, abri a torneira, o mínimo possível de forma que a água saísse quase fervendo e despejei meio vidro de sabão. Naquele momento, a vontade que eu tinha não era de lavar a mão, mas sim amputá-la. Se eu fosse uma lagartixa, teria feito isso sem pestanejar. Enquanto isso a minha agressora se contorcia no chão como qualquer barata faria. Esta era a senha para atinji-la novamente, pois, provavelmante, eu não a acharia de manhã. Desta vez eu usei uma vassoura e fiquei o mais longe possível.Arghh!!

É necessário que se faça alguma coisa com esse bichos.Elas sobreviveram aos dinossauros - talvez tenham sido a causa da extinção deles, quem pode saber - irão sobreviver a nós também?Vamos exterminá-las, elas não fazem falta a nenhum equilíbrio ecológico. Provavelmente, nem foi Deus quem as criou. Até mesmo os sapos e morcegos ficarão agradecidos.

Uma Barata boa é uma Barata morta!